terça-feira, 25 de setembro de 2012

Levamos o nosso trabalho Vida de Cigano para a VI Mostra de Ciências e Tecnologias do IFSul - MOCITEC que aconteceu em Charqueadas RS nos dias 29, 30 e 31 de agosto. Lá nós mostramos como foi realizado o nosso trabalho e mostramos um pouco da cultura cigana para pessoas, e o publico achava muito interessante. Levamos também o baralho cigano para mostrar como é feita a leitura das cartas de acordo com as nossas pesquisas.
 

quarta-feira, 18 de julho de 2012


Temos uma só religião, a liberdade. Por ela renunciamos a tudo, ao poder, à ciência, à riqueza e à glória. Vivemos cada dia como se fosse o último e ao morrer deixamos tudo, a mísera carroça como se fosse um grande império e julgamos naquele momento que foi melhor ter sido um cigano do que um grande guerreiro. Não pensamos na morte, não a tememos, gostamos de apreciar as pequenas coisas que a vida nos oferece, que você não sabe apreciar o amanhecer do dia, o banho na fonte, o olhar de alguém que nos ama. Vocês contam estranhas histórias de nós, dizem que possuímos os segredos do amor e que vemos o futuro nas estrelas. Você não acredita numa coisa que não sabe explicar e nós não procuramos explicar as coisas que a vida nos traz. A nossa vida é muito simples e primitiva, temos por teto o céu, uma fogueira para nos aquecer e as nossas canções para quando a tristeza nos visitar. O céu é o meu teto, a terra é a minha pátria e a liberdade é a minha religião."


Tarot


As cartas de Tarot surgiram entre os séculos XV e XVI no norte da Itália, e foram criadas para um jogo de mesmo nome, que era jogado pelos nobres e pelos senhores das casas mais tradicionais da Europa continental.

O tarot (também conhecido como tarot, tarocchi, tarock e outros nomes semelhantes) é caracteristicamente um conjunto de setenta e oito cartas composto por vinte e dois arcanos maiores e 56 arcanos menores.


Texto retirado do site http://instintocigano.com.br/

Baralho Cigano


Este baralho composto de 36 cartas foi criado por Anne Marie Adelaide Lenormand, uma francesa nascida na cidade de Alençon, em 1772. Mademoiselle Lenormand ficou famosa pela precisão de suas previsões, atendendo a figuras ilustres da realeza da França.

Recebeu o nome de Baralho Cigano pelo fato desse povo ter redescoberto e adotado as cartas de Lenormand em suas práticas de cartomancia, que anteriormente eram feitas com baralhos comuns. E por ser composto por figuras de fácil entendimento, o aprendizado foi mais simples e assim rapidamente difundido entre o povo cigano e pelo mundo todo.

Texto retirado do site http://instintocigano.com.br

Santa Sara Kali (Santa protetora dos Ciganos)

Prezado leitor, as informações aqui descritas foram extraídas das entrevistas feitas com a cigana Valeska durante saída de campo que realizamos no dia da procissão de Nossa Senhora Auxiliadora, em Bagé.
  • Em 24 de maio, festeja-se o dia da Santa Sara Kali , que é no mesmo dia na Nossa Senhora Auxiliadora. No dia da Santa é feita uma mesa, chamam todos da tenda para comer frutas, pães, tomar água... Mas não se bebe álcool neste dia, porque, segundo a lenda, a santa foi jogada no mar para morrer de sede e de fome. Então, no dia dela bebem bastante água mas não bebem álcool. Nos terreiros é a mesma coisa, mas lá eles bebem vinho. Para as mulheres o vinho é doce e para os homens é vinho seco,  e alguns bebem vinho branco. 
  • A Santa Sara é conhecida por ajudar as mulheres que não tem filhos. As mulheres faziam promessas a Santa, e em troca as mulheres colocariam o lenço mais bonito aos pés dela. 

Casamento Cigano

As informações aqui descritas foram retiradas da entrevista que realizamos com a cigana Anita, no dia em que visitamos a sua casa, localizada no bairro Jardim do Castelo, em Bagé.
  • Ciganas são obrigadas a casar virgem, sendo isso uma alegria para os pais;
  • Quando o cigano casa, não ganha presentes e sim dinheiro para ele construir sua vida ao lado de sua companheira;
  • Pais do noivo pagam a festa de casamento, e normalmente a festa dura 3 dias;
  • No casamento o cigano pode beber, mas a cigana não;
  • A cigana não deixa do marido mesmo sendo traída e a cigana não pode trair o marido.
  • Se a cigana não for virgem, é devolvida aos pais e eles são obrigados a indenizar a família do noivo.


Características da vida Cigana

  • O cigano caçula mora com os pais mesmo depois de ter constituído sua família;
  • Uma mulher com 22 anos não casada já é considerada sem valor, segundo os costumes ciganos;
  • Os ciganos são muito unidos;
  • Os ciganos são comerciantes e as ciganas trabalham com a leitura da mão, búzios, cartas e comercio também;
  • Ler as mãos, cartomancia, búzios são coisas que as ciganas aprendem quando criança e as que têm o dom trabalham com isso;
  • “Tem que lê na mão direita porque a mão esquerda não é boa” (Anita)
  • Quando um cigano prática atos de má fé ganha três novas chances de recomeçar. Se ele não mudar, é obrigado a aprender sozinho;
  • As ciganas são educadas desde crianças para cuidar da casa, cuidar do marido, tratar os sogros etc;
  • Para inauguração da casa mata-se uma ovelha no fundo do pátio e com o sangue faz uma cruz atrás da porta;
As informações aqui escritas foram retidas da saída de campo em entrevista com a cigana Anita.

Ritual de inauguração da casa de ciganos

Durante a visita que fizemos à casa da cigana Anita, chamou-nos a atenção o estranho objeto atrás da porta de entrada, por isso resolvemos fotografar. Segundo a cigana Anita, faz parte de um ritual simbólico bastante comum na cultura dos ciganos.

Quando uma família cigana constrói uma casa, na inauguração desta, eles utilizam de um ritual para trazer prosperidade, dando três voltas pela sala com um carneiro, que tem a boca atada para não berrar dentro de casa. Logo após, o animal é morto no fundo do pátio. Fazem um churrasco e comem a carne, e com o sangue do animal faz-se uma cruz atrás da porta. Esse ritual, segundo a crença cigana, serve para trazer prosperidade na nova residência para a família.

Quem são os ciganos?


Qualquer dicionário definirá os ciganos como um povo  nômade e disperso pelo mundo todo, num número aproximado de cinco milhões de almas, com uma história e uma cultura peculiares, que os tornam diferentes dos demais povos.

São normalmente descritos como elegantes e belos, pele morena, olhos muito vivos e grandes, dentadura perfeita e rosto ossudo, mas harmonioso. São alegre, gesticulam muito ao falar e, normalmente, atingem longa idade. As mulheres possuem uma beleza misteriosa e fascinante, sendo elegantes e graciosas.
Denominam-se "rom", cujo significado é "homem". Possuem valores éticos e morais completamente distintos das demais civilização e injustamente são taxados de ladrões e corruptos. Na verdade, cultivam valores distintos daqueles cultivados pelos gadjos (não-ciganos), que não conseguem interpretar o modo de ser dessa raça habituada ao nomadismo e à liberdade.

  • Os ciganos consideram a esterilidade uma maldição. Conta, que em um tempo por não conseguir ter filhos e o medo dessa maldição ciganos roubavam crianças, e esta passou a ser vista como uma característica própria desse povo orgulhoso;
  • Negociar para obter lucro é uma questão de honra, principalmente se esse lucro for obtido em cima de um gadjo;
  • Não hesitam em lançar mão de qualquer recurso para garantir sua subsistência, inclusive o roubo, dentro de um código todo próprio deles;
  • O homens sempre foram hábeis ferreiros e negociantes de cavalos. As mulheres praticam as artes divinatórias, com especial predileção pela cartomancia e ela quiromancia,  muito embora o usa da bola de cristal ou da astrologia também faça parte de seus conhecimentos;
  • Uma tradição muito curiosa que é preservada entre os ciganos: não comem a pata de qualquer ave, pois conforme a tradição, quem o faz torna-se o mentiroso e esse crime, entre eles, é abominado, mas tolerado contra os gadjos. Aliás, é quase uma obrigação;
  • Os ciganos são unidos em seu grupo ou família, não havendo unidade entre eles;
  • Habitam geralmente em tendas e, ainda em muitas localidades, usam suas vistosas e coloridas carroças puxadas por cavalos para se locomoveram. Muitos, porém, já se modernizaram e se movimentam em confortáveis trailers motorizados, com todo o conforto necessário.
"Eles se movem como o sol e a lua. São nômades. Ou, antes, são como as ondas. Estão em toda parte. Chegam e partem rápido. Parecem o vento. Num momento estão aqui. No outro, sumiram. Numa lufada, deixam traços indeléveis de sua passagem no eco de sua música, no relinchar de seus cavalos, no sorriso alegre de suas mulheres. Não, não são o vento. São os filhos do vento!"
Gadjos = Pessoas que não são ciganas 

Origens de um povo tão distinto

        Sua vida é cheia de liberdade, fantasia, música, rituais fantásticos, amores tempestuosos e heroísmo. Se movem como sol e a lua. São nômades. As lendas mais antigas, falam que o povo hoje chamado de cigano originou-se dos descendentes dos anjos caídos que se juntaram com as "filhas dos homens", conforme o Livro Apócrifo de Enoque.
       Pelo mundo todo existiram e existem ainda diversas teorias científicas sobre a origem dos ciganos, muitas delas interessantíssimas. A etnia surgiu na Índia e se dispersaram há mil anos, quando rumaram para a Europa e o Oriente Médio.
        Até hoje, os ciganos falam o Romani, uma língua própria, inclusive com alguns dialetos específicos, como o caló e o sinto. Mesmo esses dialetos, apesar de influenciados pelas línguas e culturas dos países por onde os ciganos passaram, conservam ainda forte ligação com o romani. Nos séculos XVI e XVII foram expulsos de vários países e passaram a ser associados aos criminosos, aos propagadores de epidemias e aos ladrões. A história desse povo foi marcada também por perseguições e preconceitos durante a sua dispersão pelo mundo. Foram escravizados, jogados na fogueira, enforcados, expulsos, caçados e etc.         Foram considerados inimigos da Igreja, a qual condenava as práticas ligadas ao sobrenatural, como a cartomancia e a leitura das mãos que os ciganos costumavam exercer.        Assim, de nômades por natureza, passaram a ser nômades por necessidade de sobrevivência.